Geração de trabalho e renda para a população vulnerável foi o foco da organização durante a pandemia
Doação de cestas básicas - Comunidade Quilombolas - Patos - PB / Foto: Arquivo - Foto |
“Antes da pandemia o negócio já era difícil, depois da pandemia piorou mais ainda. Na minha casa são oito pessoas pra sustentar só com reciclagem e uma bolsa família de 200 reais, aí veio a pandemia e só piorou a situação”, conta Kelly França de Lima, 31 anos, catadora de materiais recicláveis na comunidade Pedregal, Campina Grande.
Doação de cestas básicas - Comunidade Pedregal - Campina Grande - PB / Foto: Arquivo |
“Com as coisas tudo caras não tenho condição financeira de me alimentar direito, e graças as cestas básicas vindas da ESSOR ajudou e muito a situação. Foi uma ajuda boa, por que a gente anda pra todo canto e as portas fechadas, sem oportunidade e uma ação desse tipo não tinha acontecido no Pedregal. Foi muito boa pra comunidade. Espero que continue ajudando a quem precisa.”
Geração de trabalho e renda para a população e grupos socialmente vulneráveis durante a pandemia foi o foco principal da organização Rede Ser Tão Paraibano/a.
Atuando na Paraíba desde 2009, a partir do envolvimento coletivo de organizações da sociedade civil, a Rede está presente nos municípios de Campina Grande, João Pessoa, Patos e Pombal, através das organizações Amazona (Associação de Prevenção à AIDS), ESSOR (Associação de Solidariedade Internacional), ARCA (Associação Recreativa Cultural e Artística), CENTRAC (Centro de Ação Cultural), ASPD (Ação Social Diocesana de Patos), CEMAR (Centro de Educação Integral Margarida Pereira da Silva) e Centro Semear.
Campanha Educativa de Prevenção a Covid-19 - Comunidade Pedregal - Campina Grande / Foto: Arquivo |
Com a chegada da pandemia da Covid-19 e as medidas de isolamento social intensificaram as demandas que os grupos vulneráveis do estado já tinham, seja no campo econômico, na saúde, educação, mobilidade e segurança alimentar.
As comunidades de áreas periféricas são as mais afetadas pelo vírus, o que provocou ações desenvolvidas por organizações da sociedade civil no combate à pandemia.
Durante o surto, a rede conseguiu ampliar-se para 57 municípios, atendendo a 141 comunidades de todo o estado, diretamente.
Além da disseminação de informações seguras sobre a covid-19 através de campanhas educativas, a Rede mobilizou e mediou a distribuição de cestas básicas para 4.501 famílias, kits de higiene para 2.022 famílias, distribuição de kits de proteção individual para trabalhadores/as da reciclagem e acompanhamento e apoio a comunidades tradicionais quilombolas, ciganas e povos de terreiro.
“As ações da ESSOR contribuíram para ajudar as pessoas a se conscientizarem, porque no começo as pessoas não estavam acreditando muito na pandemia e com a evolução do projeto começou a conscientização na comunidade." - José Jonatha Ferreira Souza, 23 anos, beneficiário das ações de formação e inserção profissional - ESSOR Brasil, na comunidade Pedregal, Campina Grande-PB.
Cerca de 2.436 adolescentes e jovens receberam orientação social e profissional sobre empregabilidade, empreendedorismo social e gênero através da criação de grupos temáticos nas redes sociais, realização de oficinas virtuais com temáticas culturais, além de atendimento presencial com agendamento - seguindo todas as medidas de segurança.
Em 2020, por meio de uma indicação da Escola Alírio Meira Wanderley, a filha de José Leite Amaral começou a participar do Percurso Cidadão.
“Nesta pandemia fiquei desempregado e sem condições de sustentar minha família e o Centro Semear vem buscando parcerias e ajudando a amenizar os impactos da pandemia na comunidade e no município. Somos muito gratos”, destaca Seu José, cuja família é atendida pelo Centro Semear, no município de Patos - PB.
Graças a parcerias com empresas e Centros de Formação Profissional, foi possível a melhoria nas condições de vida de muitas famílias: qualificação de 267 jovens e a inserção de 139 no mundo do trabalho, formal ou informal.
Frédéric Barbotin, Coordenador Geral da ESSOR no Brasil, ressalta a importância do projeto coletivo: “Há mais de 10 anos, quando se idealizou a RSTP, não se imaginava que esse coletivo constituído de maneira voluntária e informal, se tornaria esse espaço coletivo de construção de alternativas dignas de geração de trabalho e renda para as principais vítimas das desigualdades sociais. O Capital consolidado possibilitou identificar e implementar estratégias sustentáveis e contextualizadas de trabalho e renda para as camadas mais vulneráveis, sendo partilhadas até na África. Em 2020, esse coletivo conseguiu mobilizar atores públicos e privados para juntos poder atenuar o flagelo imposto pela Pandemia na Paraíba nas famílias mais afetadas por ela e pela pobreza”.
As articulações e parcerias foram muitas: através dos CMDCA’s, CMAS, articulações junto ao Governo do Estado da Paraíba, através das Secretaria da Mulher e Diversidade Humana da Paraíba, Secretaria de Desenvolvimento Social de João Pessoa, Balcão de Alimentos da PMJP e Secretaria de Assistência Social de Campina Grande;
Acesso e desenvolvimento de projetos emergenciais propiciados pelo Fundo Baobá, FIOCRUZ, Fundação Banco do Brasil, UNESCO, ENERGISA, Casa Pequeno Davi, Visão Mundial, Mesa Brasil - SESC e Igreja Presbiteriana Independente do Brasil; bem como através do monitoramento de iniciativas locais para somar aos esforços de superação da pandemia e todo o seu desastroso impacto.
Edição: Maria Franco